terça-feira, 10 de maio de 2011

Cotidiano: Dor de Cabeça


Debruçado sobre o janelão verde do antigo casarão eu vi a chuva cair.
Não tinha nenhum pensamento novo ou uma nostalgia latente era só meu momento de solidão.
Pela primeira vez na semana não tinha ligado o ar-condicionado, nem tomado café na xícara que ganhei de presente com a inscrição “Para 1super AMIGO”.
O barulho da chuva só reforçava o desejo de ir para casa, deitar na minha cama, assistir um DVD até dormir com tudo ligado.
A cabeça ainda doía depois de ter tomado dois Dorflex. O telefone chato que não cansa de tocar... Uma rotina.
Guardo uns documentos, ignoro outros, finjo um sorriso e sinto frio, pois perder a hora me fez esquecer o casaco e chegar atrasado novamente. Onde eu estava com a cabeça? Parecia sábado hoje de manhã.
Uma senhora grita com seus funcionários no térreo... Mais alguns caracteres vão dando vida a este texto de terça-feira. O telefone volta a tocar. Pesquiso sobre a bibliografia de Caio Fernando Abreu.
Sabe aquele dia que você sai de casa, mas esquece a vida nela? Parece que isso está acontecendo comigo me sinto uma espécie de Zumbi bem treinado e apto a tomar decisões e atitudes dentro do setor. Normalmente não sou assim.
Um bate-papo no corredor, um desabafo que precisava nascer. Um perfume novo, uma idéia nova. Amigos de trabalho, colegas de trabalho, pessoas do trabalho, gente do trabalho. Sem mais o que escrever.
Faltam algumas horas para eu ir embora, não vou a faculdade hoje já disse que estou com dor de cabeça né?! Acho que tudo isso é culpa da dor de cabeça, normalmente não sou assim.
Melhor terminar por aqui, está chegando gente, gente do trabalho, e podem interpretar que estou fazendo trabalho pessoal no setor, tenso? Não, hipocrisia mesmo. Nossa Senhora do Facebook que o diga, não é Santa?
Devo está meio amargo ou camuflando sentimentos por isso um texto tão solto em informações concretas. Normalmente não sou assim ou seria o contrário? O que importa... Que dor de cabeça!
O chefe chegou...
Tchau.

Sérgio Breneditt

domingo, 1 de maio de 2011

Encruzilhada


Sabe aquele momento que se encontra uma encruzilhada?
Ele estava vivendo esse momento. Sua vida, seus sonhos, seu futuro só dependiam dele para realizar ou não. Ele sempre foi um cara correto, de família, católico fervoroso sabia cada palavra que o padre iria dizer. Sua mãe o criou como pode afinal ela trabalhava muito e o deixava só dando a este a oportunidade de ser alguém.
Ele teve medo e não arriscou, nunca arriscou. Seus caminhos eram escola, casa, igreja e no máximo a casa de uma amiga onde passava o tempo brincando com uma Barbie careca. Apaixonou-se pela professora, pelo coleguinha e pela coleguinha, nada de novo, pois sua mente muito infantil sabia que era apenas uma fase de sua infância.
Ele teve um cachorro que roubaram dele, ele tinha alguns brinquedos que perdeu quando colocou embaixo do travesseiro, ele teve uma bicicleta verde e o sonho de ser a Super Patrine. Sua vida era comum, como a vida de todos os outros meninos, era legal e chata como a vida de todos os meninos. Ele brigava na escola como todos os meninos.
Os únicos problemas dele eram: nunca ser chamado para o futebol, nunca ser chamado para zoar na praça e sempre ser chamado de boiola. Na verdade, ele não sabia o que era boiola porque seu pai nunca lhe disse a verdade. Seu pai também era um problema, sabe aquele pai inútil na criação da criança? O pai dele não era desses, era pior.
Ele sofreu um trauma bem normal na pré-adolescência, quis se casar com uma moça, tipo bem, mais velha que ele, quis conhecer o Cristo, mas foi mesmo ao Pão de Açúcar. Ele não era o preferido da vovó, nunca foi preferido por ninguém, sempre o chamaram de ovelha negra porque todos sabiam que ele traria o mal para o bom nome da família Silva.
Podemos ver que ele nunca teve nada que o deixasse com tantas dúvidas diante desta encruzilhada. Uma vida tranquila, sonhos e alegrias, detalhe ele até gostava de escrever alguns contos e poesias. Perdeu a virgindade com 14 anos e a outra aos 25 assim como seu primeiro beijo que foi aos 7 anos e o seu segundo aos 23 algo muito normal.
Pessoas cismam em classificar as outras e sempre o classificavam de erro, mas mesmo assim ele conseguiu se erguer, sacudiu a poeira do corpo e abandonou todos que diziam que ele não daria certo. Agora ele está nessa encruzilhada pensando qual o melhor caminho a tomar e como será seu destino.
Existem coisas que ninguém sabe e ele tampouco conhece seu futuro, mas já que chegou a uma encruzilhada o que vale é saber que qualquer caminho vai levar ao novo, ao desconhecido, ao futuro. Então, sabe aquele momento que se encontra uma encruzilhada?! Você se torna um adulto e agora sua vida, seus sonhos, seu futuro só dependem de você.



Sérgio Breneditt