quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Nota de Rodapé

Um dia de cada vez e outros anseios me fizeram...
Amar alguém que não deveria. Coisas da vida?
Não sei responder, poderia ser mesmo, talvez sim, talvez não.
Definitivamente de que vale entender se o que senti estava ali latente ao ponto de marcar...
Rasgar, devorar, tatuar em meu coração um desejo inimaginável.
Eu que era um menino desses tais que pensam demais...
Sem muitas histórias, um menino que escrevia poesias e contos que deixou-se levar...
O caminho ninguém sabia qual e eu, menino, segui no escuro a direção do vento, algo...
Novo, posso dizer, sem solidez, mas algo foi certo com aquele vento eu voei ...

Sérgio Breneditt


quinta-feira, 11 de agosto de 2011

A Louca


Ela estava louca quando colocou Madonna para cantar, já tinha tomado algumas taças de vinho e ele, ele estava chegando... Esse cara era o amor da sua vida, por ele, ela faria qualquer coisa e assim fez colocou a lingerie de renda preta e acendeu seu incenso de rosas vermelhas.
A massa com frutos do mar estava sobre a mesa e as velas traziam a luz para aquele jantar todo especial, porém ele não chegava. Da varanda do apartamento ela contemplava a Avenida Atlântida e seus carros indo e vindo, contemplava o mar e a noite de lua nova quando avistou o carro dele entrar na garagem.
Ele abriu a porta deixou a pasta no rack e afrouxou a gravata. Tirou os sapatos, o terno e o cinto deixando pela sala mesmo... Madonna ainda cantava sua balada romântica. No quarto estava ela como uma Afrodite contemporânea com os olhos marcados por um lápis preto e boca com um batom vermelho carmim.
Ele não resistiu e nu deitou-se com ela. As mãos abriam a lingerie, a boca tirava o carmim e as lágrimas borravam o lápis... Ela chorava silenciosamente estava nos braços do seu homem, do seu amor... Estava fazendo amor com aquele que a chamava de amor. O suor dele, o peito peludo roçando em seu seio era desejo, era sabor...
Ela beijava cada parte do corpo dele se entregando também ao prazer oral... Ele sussurrava. Mais um gole na taça de vinho e o vento refrescando o calor dos copos entrelaçados em movimentos contínuos, penetrantes e intensos. Eles esqueceram o jantar e apenas lembraram-se de se entregar e se entregar novamente.
"All by myself I don't need anyone at all I know I'll survive" não estava fazendo sentido algum, mas não importava a letra e sim a voz inconfundível da diva que os conduziam pelos cômodos do apartamento... No quarto, na sala, na varanda com a lua… Vamos comer dizia ela, mas ele estava incontrolável sua fome era ela, ela era sua comida.
Depois do prazer e de um banho de espuma juntos tudo tinha acabado o cd já havia se calado, assim como o perfume do incenso e as velas que deixaram de compor o cenário. Esquentaram a massa no microondas e se sentaram na sala vestido apenas o roupão para finalmente jantar. Ele liga a TV, ela pega mais um garfo.
Na TV um pastor apresenta seu programa que atende fieis desesperados na madrugada. Ela diz a ele que eles deveriam ligar, afinal devia ser pecado sentir tanto desejo... Ambos sorriam e degustavam o prazer de ficarem juntos. Outra garrafa de vinho, alguns morangos e chocolate ele quer sobremesa e ela, ela como uma mulher apaixonada serve.
O cair do roupão no chão é o único barulho agora. Ela deita sobre a mesa de mármore da cozinha e oferece a ele o que ainda não havia oferecido e ele, ele aceita. Suavemente a penetra e sente o perfume do sua nuca enquanto acaricia seus cabelos longos e loiros... Madonna deveria voltar a cantar, mas não ouve tempo de ligar o cd... Afinal ela estava muito louca, louca pelo homem que amava.

Sérgio Breneditt