Em uma tarde dessas eu o conheci. Ele tinha cumprimentado a minha avó e veio em direção ao fundo da casa onde eu estava. Ele estava suado era um dos empreiteiros da obra em frente a nossa casa e havia pedido auxilio a minha avó para guardar sua comida e tomar um banho após o trabalho.
Sua presença todos os dias ali já me era costumeira, sempre o cumprimentava com um seco bom dia e voltava com minhas atividades. Para mim ele era só um peão de obra, nunca me passou disso, sem atrativos ou uma beleza latente... Um cara trabalhador e comum que está por aí no dia a dia.
No entanto, em uma tarde ele entrou correndo pelo quintal, não se sentia bem. Minha avó idosa não podia ajudá-lo quando intercedi. Devido a um pico de pressão ele começou a sufocar quando desmaiou e caiu em meus braços. Tirei-lhe a camisa, vovó ligou o ventilador e lhe demos o remédio.
Após descansar um pouco na minha cama ele foi tomar um banho
para ir embora seria impossível voltar ao trabalho. De toalhas, assim que saiu do banheiro me chamou no quarto e segurou minha mão. Nunca tinha reparado aquele rosto, aqueles olhos e cabelos negros, nunca tinha observado aquela figura cotidiana. Ele era lindo.
Hora das explicações, ele nos disse que tinha um problema no coração e dependia do remédio que se esqueceu de tomar. Agradeceu-nos por toda ajuda, deu um abraço em minha avó e o acompanhei até o portão. Nosso olhares estavam diferentes era um constrangimento comum a alguém que se interessa pelo outro, desconforto e desejo.
Ele me falou que sua parte na obra estava quase concluída e em poucos dias iria partir, mas queria me encontrar em qualquer lugar, qualquer hora dessas. Falou que já estava algum tempo reparando em mim. Falou que eu era lindo, encantador e apaixonante quando me deu seu número de telefone.
Confesso tive medo de ligar já tinha passado uma semana e a lembrança daquele homem, sua voz, seu corpo, seus cabelos martelavam diante de mim. Ele queria morar mais próximo pelo que soube da minha avó até alugaria um apartamento em São Gonçalo. Disse para ela que gostou muito de mim que eu tinha um bom coração.
Voltando do trabalho, alguns dias depois, meu telefone tocou era a inconfundível voz daquele que olhei com tanta curiosidade e admiração. Queria me ver, conversar um pouco... Um convite para um encontro, fomos ao shopping e lá ouvi a palavra que meu coração imaginava e sonhava ouvir... Ouvi o som do amor.
Em seu novo apartamento conversamos mais. Ele me falou dos exames médicos, que estava bem e que poderíamos viver juntos se eu quisesse. Foi tão simples... Como um sonho. Sentou-se ao meu lado, senti seu perfume de homem, me envolveu em um abraço para o nosso primeiro beijo... Respirei fundo... Acordei.
Sérgio Breneditt
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