quarta-feira, 28 de setembro de 2011

A Louca II - Aprendendo...


Quando o amor de sua vida foi procurar o amor da vida dele, ela se tocou. Pediu ao garçom um drink feito com pêssego e vodka para começar a noite e acendeu seu primeiro cigarro Black. Ela estava em um bar medíocre na Lapa acompanhada por bêbados e desiludidos, mas em momento algum ela questionou a qualidade do local.
No jukebox, ao fundo, um rapaz ouvia Bonie Tayler e cantava o refrão de Total Eclipse of the Heart com empolgação enquanto uma garota negra sentava no colo de um americano sessentão. O celular rosa e com um enfeite de coração, vibrava sobre o balcão, mas ela não atendia já sabia era sua mãe.
Uma nova dose, dessa vez a vodka era pura e o cigarro era Free, daqueles baixos teores, que uma lésbica ofereceu. A lésbica dizia que ela era bonita e sensual, dizia que ela não deveria ficar triste, dizia isso passando a mão nos cabelos longos e loiros dela.  Ela não se mexia de algum modo o toque daquela outra mulher a confortava.
Sua mente lembrava a noite que esteve nos braços dele era como sentir de novo o peso do corpo do seu homem sobre o seu, ela se excitou... A lembrança do perfume, do entrelaçamento, dos movimentos contínuos, penetrantes e intensos... Lembranças da noite de lua nova ao som de Madonna.
 A mulher que ofertou o cigarro sorvia seu vinho branco com se de algum modo pudesse haurir a loira sexy e triste no balcão.  Outras músicas já haviam tocados, afinal ela estava ali há horas, mas uma especial a fez levantar e entrar na pequena pista de dança. A letra dizia  “I gave you all the love I got I gave you more than I could give I gave you Love...” 
Seus passos foram acompanhados pelos olhares atentos dos homens, afinal quem era aquela mulher tão sensual capaz de atrair para si as notas da canção? A música era dela e uma atmosfera de sentimentos invadiu o medíocre bar transformando o espaço em um templo do novo. Os homens a contemplavam, mas foi uma mulher que a seguiu...
Meu chamo Pérola disse a mulher segurando sua cintura e abraçando-a fortemente conduzindo seus passos na dança romântica... Beijos na nuca, curiosos atentos, luz e fumaça faziam o toque feminino muito terno, agradável e luxurioso. “This is no ordinary love” cantava Sade de um modo inconfundível.
Nesse clima ela para de pensar nele. A canção de amor trazia uma lembrança, mas o misto desta com a nova sensação mudava tudo... Era diferente... Era Sade...  Era amor novo... Era mais um lado louco daquela mulher, lado que ela não conhecia era um novo beijo, era um novo perfume... Era a Louca aprendendo a ser outra...
Sérgio Breneditt

2 comentários:

Júlio César Vanelis disse...

Caraca, Sérgio... Seu texto animou a minha noite... Adorei! xD

Um abraço... Até

J.A. Vanelis disse...

A louca mesmo!!! Surpreendente... Vc devia fazer uma série de contos sobre "ela"... Muito bom!!!