sexta-feira, 30 de novembro de 2012

" É o final de Novembro?!"




  Querendo ser transportado para um lugar de silêncio, eu escrevia qualquer coisa no papel... A falta de compromisso com a escrita era só o passatempo para esperar a chuva cessar. 
  Sentei-me na praça de alimentação do shopping com uma bolsa de lado contendo: uma agenda velha, canetas, o livro Cinquenta Tons de Cinza de E L James, camisinhas, alguns remédios e as chaves; na carteira: cartões de débito, seis reais e uma declaração da UERJ; no MP4: o novo cd da Eyshila, Diana Krall e Lana Del Ray. 
  Ao som repetitivo da música Born To Die foi possível calar todo aquele espaço e me transportar nas notas bem interpretadas que destoavam a visão naquele local. Fechei os olhos e me enxerguei mais uma vez desta fez já no lugar de silêncio onde a canção foi o único e predominante som. 
  Lembrei da minha infância, os brinquedos e a velha TV preto e branco que ocupavam a escrivaninha do meu quarto. A colcha da cama com estampa de anjos e o velho toca-discos onde Papai ouvia Roberto Carlos nos finais de semana, assim como minha coleção de tampinhas de refrigerantes com personagens Disney, me lembrei. 
  Lembrei do nascimento da minha irmã em um domingo quente de janeiro, de ter caído da escada na hora de pedir alguém para levar minha mãe para o hospital e da oração que fiz, sozinho, com medo de acontecer alguma coisa ruim com ela. Lembrei-me do dia que mudei para casa de vovó e que não deixaram trazer meu cachorro Mascote (saudades). 
  Lembrei do primeiro dia na escola da nova cidade... Dos amigos, dos sonhos e amores da adolescência. Feet don't fail me now take me to the finish line... (Pés, não me falhem agora leve-me até a linha de chegada...), como eu quis crescer, cantar, interpretar, escrever, sorri, amar e até voar... Desperto em minhas questões... E hoje aqui... 
  Hoje, aqui, espero a chuva passar na praça de alimentação de um shopping com uma bolsa de lado contendo: uma agenda velha, canetas, o livro Cinquenta Tons de Cinza de E L James, camisinhas, alguns remédios e as chaves; na carteira: cartões de débito, seis reais e uma declaração da UERJ; no MP4: o novo cd da Eyshila, Diana Krall e Lana Del Ray. 
  Já é o final de novembro, o tempo está passando depressa e sem compromisso sigo escrevendo na esperança de alguém que me observa se aproximar, me tocar e com ternura falar: “Vamos ficar loucos... Deixe-me te beijar na chuva... Por que você e eu... We were born to die (nos nascemos para morrer)”. 


Sérgio Breneditt