quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Reflexo no Vidro

I


Acima de qualquer suspeita o homem entra no quarto do hotel vestindo seu terno preto e carregando sua pasta com os contratos do escritório.
Algum tempo depois, um outro homem pede a chave do quarto 302 vestindo um jeans e carregando sua mochila preta.
A chave é colocada na porta que, ao ser aberta, permite a passagem de um som... Era uma música atual de tema romântico. A porta fica entreaberta.
De longe, a camareira observava tudo e, curiosa, se aproxima do quarto. Eis que um reflexo no vidro denuncia O CASAL.
[Devagar ela fecha a porta, sorri em sua ignorância e volta a trabalhar.

II


Ansioso, ele sai do escritório na hora do almoço vestindo seu terno preto carregando a pasta de contratos. Pede a chave do apartamento, já reservado, avisando que vai chegar uma visita e uma cópia da chave deveria ser entregue.
Deixa a pasta e o paletó sobre a mesa, fecha as cortinas, liga uma música e coloca o champagne no balde gelo.
Após um rápido banho, caminha pelo quarto, quando ouve o barulho da chave abrindo a porta.  De longe, a camareira observava tudo e, curiosa, se aproximava do quarto, mas ele não percebe.  Afinal, aquele a quem aguardava o tinha abraçado e o envolvido em uma terna dança sobre a meia luz que vazava pelo black-out das janelas.

III


Ao dar a partida no carro, ele vê uma mensagem em seu celular... A leitura traz um sorriso ao rosto que antes estava triste por mais uma briga com a namorada... Chegou ao hotel com sua mochila e seu jeans. Rápido pegou a chave com a recepcionista.
Já fazia um tempo que eles não se encontravam. Ele submergido com a faculdade e o estagio. O outro, em suas viagens de negócios e a esposa. Abriu a porta e contemplou o único homem que amou. O abraçou com ternura e ao som da música de Cazuza, que tocava na radio MPB, foram envolvidos em uma dança.
De longe, a camareira observava tudo e, ao se aproximar da porta, eis que um reflexo no vidro denuncia O CASAL.
Devagar ela fecha a porta, sorri em sua ignorância e volta a trabalhar, afinal era mais um dia típico no hotel.

Sérgio Breneditt


3 comentários:

Júlio César Vanelis disse...

Cara... Amei este texto... Todas as visões... Me vi no cara de jeans de mochila preta, só que não tenho namorada! ahahahaha

Lindo de mais! :D
Um beijo, amigo... até o próximo

Raquel disse...

Simplesmente MUITO BOM, gostei pra caramba... minha frase te inspirou super bem, tá de parabéns.. e ainda mais que esse texto foi dedicado a mim *___*

M. disse...

Interessante a visão de cada um dos participantes... cada qual com sua ânsia, curiosidade, saudade..

Gostei demais.