1-Já apanhei, com a manguerinha do chuveiro no banheiro.
Como é um lugar pequeno, você não consegue fugir, portanto, lugar perfeito para mães loucas, baterem em seus pimpolhos.
2-Já fiquei de castigo no banheiro, por ter aprontado,ou por ter dado uma resposta mau criada para a minha mãe, ou por ter roubado algum chocolate no supermercado.
3-Já transei no banheiro.
Com ou sem o chuveiro ligado, no meu banheiro, no banheiro alheio, no banheiro público, no da balada , no do restaurante.
4-No banheiro li trechos dos livros que mais gostei, li e reli gibis inteiros ,e também li revistas de moda e de comportamento. Aprendi muito no banheiro.
5-No banheiro eu já me escondi pra chorar, porque não queria chorar em público, e o banheiro, muitas vezes, foi a única testemunha de algumas fragilidades minhas.
Lá também me transformei em uma persona forte, pra encarar a noite,o medo, a insegurança.
6-Usei o banheiro muitas vezes, para virar Janeyde, ou Pedro Sonho de Valsa, ou Tião Zica ou qualquer outro personagem meu, que animava festas e chás de cozinha.
Muitas vezes deixei o Evandro ali e virava outra coisa, mais alegre, mais animada, mais fervida.
7-Já vomitei no banheiro porque bebi demais.
8-Já acabei com o banheiro, porque comi demais.
9-Já dormi no banheiro, porque um época, bem distante, graças a Deus e a pessoas que me ajudaram , eu não tinha onde dormir.
10-Já encontrei inimigos nos banheiros da balada. Já desisti de fazer loucuras, graças a luz forte do banheiro da balada e fiz loucuras porque vi melhor na luz do banheiro da balada.
11-Já twittei no banheiro.
12-Já fiquei bonito, depilado, barbeado, higienizado, perfumado e com auto estima no banheiro.
13-Muitas vezes, entrei no banheiro péssimo e saí de lá, melhor.
14-Já fui fotografado no meu banheiro.
15-É claro, já me escondi muitas vezes no banheiro, dos outros ,de mim ,e do mundo.
16-Fiz amor comigo mesmo no banheiro , muitas e muitas vezes.
Evandro Santo (Christian Pior)
Sérgio Breneditt
Já é madrugada e estou dedicando alguns caracteres a você Personagem que chamei de amor...
Muitas palavras já foram ditas e outras ditas também, mas em silêncio... Caminhos, cartas, e-mails e telefonemas se direcionaram a encontrar o Personagem que chamei de amor.
Passou minutos, horas, dias e meses até chegar a tal contemplação. Ele estava ali. O personagem da historinha estava ali em meio a pessoas, outros personagens também, interpretando uma gargalhada... Assustei-me!
A mente longe não foi capaz de admirar tamanha encenação, o olhar desviado, o fingir calado me fez repensar e lembrar... Onde foi que eu caí? Posso definitivamente dizer adeus? Posso agradecer a Deus por tudo isso?
Em casa revirando os baús senti o cheiro mofado de um passado, sua imagem em fotografias, seu cheiro nos livros, seu cheiro em mim... Sinto nojo,sinto saudade e reafirmo um possível amor...
No entanto, o questionar surge e ressurge seguidamente... Qual será seu fim personagem? Onde a historia vai te levar? Qual será meu fim personagem? Onde a historia vai me levar?
Devo interpretar uma conclusão para dar sentido a este texto, devo definir as linhas que conduzem esse lamento... Porém, não sei como, as poesias dizem para eu não deixar de amar, músicas vem me consolar, Deus em silêncio estar...
Ao Personagem que eu chamei de amor apenas posso dizer: — Eu fui amor, eu sou amor... Já você será apenas um personagem, o ator medíocre de um circo mambembe, cujas instalações, sua vida, esta cheia de buracos e remendos...
Que sua encenação possa ter público, porém, eu não gostaria de estar na sua pele quando as cortinas se fecharem e você não ouvir nenhum aplausos. De algum modo você marcará minha história, quem sabem em uma placa que dirá: O GRANDE SHOW COM O PERSONAGEM QUE CHAMEI DE AMOR foi CANCELADO...
Motivo: Falta de Público.
Sérgio Breneditt
"Perto, o castelo. Alva manhã de Junho
Na arena, sob entrelaçadas ramas,
Acham-se as duas ciumentas damas,
Aprumadas e loiras, de arma em punho.
Espartilhos no chão, bordadas tramas
De camisa escorrendo-lhes das mamas,
De bicos róseos e à feição do abrunho.
Chocam-se os ferros. Um tinido de aço,
Um tremor de paixão em cada braço...
De um seio de hóstia, púrpuro filete
E, recuando, a intrépida condessa
Leva um rubi na ponta do florete!"
