Este espaço serve para depositar as palavras que não consegui dizer...
São as Vozes das minhas Muitas Almas...
Meus Momentos de Silêncios e Lágrimas...
Mudanças de Moradias e de Atitudes...
Lugar para dividir minhas Transformações Interiores...
É Um Pouco + d Mim.
Deveria ter ficado quieto e não ter brincado com o
fogo, com o seu fogo...
Sou menino ainda e todos diziam: “não tem nada
haver”.
Eu sempre soube das coisas que eu preciso e não era
isso somente.
Não foi o que foi feito, mas suas conseqüências...
Estou com medo de a queimadura ser muito
grave.
Preciso de um remédio dado pelo tempo.
Preciso de um descanso dado pelos feriados.
Preciso de um beijo desapaixonante.
Preciso de uma pegada fria.
Quero me esvaziar, começar e outra coisa...
Você tem nome de anjo... Deveria ser um.
No entanto, depois daquilo e daquilo, fui tomado
pelo seu pecado, sua perversão e pelo o seu “não quero você”. Fui guiado pelas águas
frias mais quentes que conheci.
Querendo ser transportado para um lugar de silêncio, eu escrevia qualquer coisa no papel... A falta de compromisso com a escrita era só o passatempo para esperar a chuva cessar.
Sentei-me na praça de alimentação do shopping com uma bolsa de lado contendo: uma agenda velha, canetas, o livro Cinquenta Tons de Cinza de E L James, camisinhas, alguns remédios e as chaves; na carteira: cartões de débito, seis reais e uma declaração da UERJ; no MP4: o novo cd da Eyshila, Diana Krall e Lana Del Ray.
Ao som repetitivo da música Born To Die foi possível calar todo aquele espaço e me transportar nas notas bem interpretadas que destoavam a visão naquele local. Fechei os olhos e me enxerguei mais uma vez desta fez já no lugar de silêncio onde a canção foi o único e predominante som.
Lembrei da minha infância, os brinquedos e a velha TV preto e branco que ocupavam a escrivaninha do meu quarto. A colcha da cama com estampa de anjos e o velho toca-discos onde Papai ouvia Roberto Carlos nos finais de semana, assim como minha coleção de tampinhas de refrigerantes com personagens Disney, me lembrei.
Lembrei do nascimento da minha irmã em um domingo quente de janeiro, de ter caído da escada na hora de pedir alguém para levar minha mãe para o hospital e da oração que fiz, sozinho, com medo de acontecer alguma coisa ruim com ela. Lembrei-me do dia que mudei para casa de vovó e que não deixaram trazer meu cachorro Mascote (saudades).
Lembrei do primeiro dia na escola da nova cidade... Dos amigos, dos sonhos e amores da adolescência. Feet don't fail me now take me to the finish line... (Pés, não me falhem agora leve-me até a linha de chegada...), como eu quis crescer, cantar, interpretar, escrever, sorri, amar e até voar... Desperto em minhas questões... E hoje aqui...
Hoje, aqui, espero a chuva passar na praça de alimentação de um shopping com uma bolsa de lado contendo: uma agenda velha, canetas, o livro Cinquenta Tons de Cinza de E L James, camisinhas, alguns remédios e as chaves; na carteira: cartões de débito, seis reais e uma declaração da UERJ; no MP4: o novo cd da Eyshila, Diana Krall e Lana Del Ray.
Já é o final de novembro, o tempo está passando depressa e sem compromisso sigo escrevendo na esperança de alguém que me observa se aproximar, me tocar e com ternura falar: “Vamos ficar loucos... Deixe-me te beijar na chuva... Por que você e eu... We were born to die (nos nascemos para morrer)”.
Ser o primeiro a conhecer tuas
intenções e ter tua cabeça no meu colo para um cafuné e um pouco de TV.
Quero em meio aos lençóis,
na hora de juntos adormecer, perceber o quanto sou feliz por ter me apaixonado
por você. Perceber que a melhor coisa da minha vida foi ter ligado um dia para
o teu número, ter entrado no teu carro e com ternura ter beijado você...
Quero te dá meu coração... Aceitarias?
Quero ser invadido pela sua
ousadia... Invadirias?
Acima de qualquer suspeita o homem entra no quarto do hotel vestindo seu terno preto e carregando sua pasta com os contratos do escritório.
Algum tempo depois, um outro homem pede a chave do quarto 302 vestindo um jeans e carregando sua mochila preta.
A chave é colocada na porta que, ao ser aberta, permite a passagem de um som... Era uma música atual de tema romântico. A porta fica entreaberta.
De longe, a camareira observava tudo e, curiosa, se aproxima do quarto. Eis que um reflexo no vidro denuncia O CASAL.
[Devagar ela fecha a porta, sorri em sua ignorância e volta a trabalhar.
II
Ansioso, ele sai do escritório na hora do almoço vestindo seu terno preto carregando a pasta de contratos. Pede a chave do apartamento, já reservado, avisando que vai chegar uma visita e uma cópia da chave deveria ser entregue.
Deixa a pasta e o paletó sobre a mesa, fecha as cortinas, liga uma música e coloca o champagne no balde gelo.
Após um rápido banho, caminha pelo quarto, quando ouve o barulho da chave abrindo a porta. De longe, a camareira observava tudo e, curiosa, se aproximava do quarto, mas ele não percebe. Afinal, aquele a quem aguardava o tinha abraçado e o envolvido em uma terna dança sobre a meia luz que vazava pelo black-out das janelas.
III
Ao dar a partida no carro, ele vê uma mensagem em seu celular... A leitura traz um sorriso ao rosto que antes estava triste por mais uma briga com a namorada... Chegou ao hotel com sua mochila e seu jeans. Rápido pegou a chave com a recepcionista.
Já fazia um tempo que eles não se encontravam. Ele submergido com a faculdade e o estagio. O outro, em suas viagens de negócios e a esposa. Abriu a porta e contemplou o único homem que amou. O abraçou com ternura e ao som da música de Cazuza, que tocava na radio MPB, foram envolvidos em uma dança.
De longe, a camareira observava tudo e, ao se aproximar da porta, eis que um reflexo no vidro denuncia O CASAL.
Devagar ela fecha a porta, sorri em sua ignorância e volta a trabalhar, afinal era mais um dia típico no hotel.
Quando seus olhares se encontraram houve uma explosão dentro dele...
Um sentimento intenso de querer, de repentina paixão e desejo...
Um sorriso no canto da boca, um piscar sexy com um olho e ele entrou na festa de seu amigo.
O outro, o portador do desejo, era um dos convidados e todo o clima evidenciava que aquela noite eles passariam juntos...
Um abraço na nova amiga lésbica, ele se ver sendo encarado pelo aquele belo homem... Alto, de cabelos negros e pele clara davam o contorno para sua moldura... Uma voz astuciosa e tímida era o elemento para tornar aquele o alvo de seu querer a noite toda... A noite começou.
Seu amigo, o aniversariante, faz as apresentações... Este é o (nome proibido), este é ele, meu amigo... Um aperto de mão e o clima de tensão típico em pessoas que se interessam... Estes são os outros amigos... Simpáticos e felizes todos os novos amigos na Boate para comemorar e dançar.
Um drink novo, alguns ursos e um abraço... Um cochichar no ouvido e a verdade vêm à tona o homem estava comprometido com o outro... Uma sensação de frustração toma conta dele e ele pede uma coca-cola e vai dançar com a nova amiga de modo a ignorar tal situação, tal ilusão.
Sentimentos confusos... Era nova tal situação e em sua juventude nunca tinha participado de uma traição. Nunca tinha vivenciado tal. No entanto, era segundo o seu amigo uma relação aberta e livre de qualquer mal estar... Seus olhos brilhavam ao encontrar aquele outro, aquele outro olhar.
Na dança, nas conversas e em todo o tempo ali eles eram consumidos pelo desejo de ter o outro... O que deveria ser aberto não estava naquele dia... A suposta modernidade no relacionamento se tornou contraditória ao ser negado a eles o direito de um simples beijo, um simples e terno toque.
A outra parte impedia o seu companheiro de conhecer ele e de um modo muito tênue as cartas foram jogadas na mesa. Ele tinha direito de querer, mas não tinha direito a ter talvez por ciúme, insegurança ou qualquer outro sentimento de um cara mais velho.
Era notório o desconforto... Ele sabia que aquele homem proibido o desejava... Aquele rosto o procurava por todo o local... Aquele umidificava os lábios todas as vezes que ele usava seu gloss de menta... Aquele sorria no canto da boca de um modo muito sexy para ele enquanto abraçava friamente o seu “amado”.
Chegou a ser divertido ser tão desejado, mas por bom senso não investiu... A festa tinha acabando, o cara mais velho desfrutou da liberdade do relacionamento aberto enquanto o homem proibido caminhava ao lado dele em direção ao ponto de ônibus. Algumas palavras e um querer explodindo... Mais palavras.
Já amanhecia quando o ônibus chegou... Ele se despediu dos novos amigos e abraçou aquele homem que desejou a noite toda, um abraço quente e um sussurrar no ouvido ele lhe disse: “Foi um prazer te conhece queria ter mais...” Fez se um breve silêncio naqueles braços como se aquele homem procurasse alguém...
Então uma resposta veio confirmar tudo o que ele sentiu a noite toda... “Hoje não deu, mas até a próxima... (neste momento os lábios do homem proibido encontram a orelha dele e sussurra calorosamente) Vai ter próxima, tenha certeza.” Desfez-se o abraço. Ele entrou no ônibus...
Lá atrás, próximo a janela, onde se sentou olhou para aqueles que foram sua companhia a noite toda e deu ultimo aceno. Para o homem proibido ele piscou do mesmo jeito sexy que fez no inicio e foi retribuído pelo sorriso no canto da boca e um olhar desejoso e fixo...
Ônibus seguiu viagem, a amiga lésbica adormeceu e ele se encolheu entre ela e o amigo aniversariante devido ao frio e conversou com seus pensamentos. O amigo pergunta se estava tudo bem e respondeu “sim”, mas na verdade estava mal e tudo por causa do homem proibido para ele.
A Avenida Atlântida estava em silêncio quando ela entrou no prédio. Os cabelos loiros presos em um coque mal feito revelavam em sua nuca a tatuagem de uma palavra em inglês “Believe”. Ela abriu a porta do apartamento largou a bolsa e sentiu o vento que entrava pela janela que deixara aberta. Tirou os sapatos, a calça e caminhou de calcinha até a varanda e contemplou Copacabana. A praia vazia, o perfume da madrugada, o céu sem estrelas e uma lembrança...
Aquelas mãos percorriam seu corpo de um modo intenso queria explorá-lo, decifrá-lo. Suas roupas eram levemente retiradas com uma ternura e excitação que até então ela nunca havia experimentado. Aquela boca quente beijava seu pescoço, seus seios, seu umbigo... De repente fez-se uma pausa e aquela que a tocava se retirou deixando- a sozinha na pequena sala entrando assim eu um quarto.
Uma canção... Adele cantava Someone Like You… Ela segue em direção ao celular... Era ele do outro lado da linha perdeu a vontade de atender. A boca e as mãos que a tocava voltaram e outro som imperava naquele apartamento no Leblon... A letra dizia “Give me a reason to love you. Give me a reason to be... a woman” (Dê-me uma razão para amar você. Dê-me uma razão para ser... uma mulher). A Louca se entregou...
Beijos quentes na parte interna da coxa, caricias nos seios e ela ia sendo adorada por aquela outra mulher. Mordidas leves e com dois dedos ela é penetrada... As mãos hábeis daquela outra a deixava sem ar. Seu corpo estava todo preenchido por um prazer, um toque inexplicável era mais que tesão era uma das experiências mais saborosas de sua vida tinha misto de fantasia e sexo selvagem era realização.
Liberte-me dizia a Louca no ouvido de Pérola, liberte-me sou sua... Com toda sua experiência e desejo por ter conseguido aquela mulher linda do bar, Pérola se despiu de qualquer pudor e atendeu ao pedido da Louca libertando-a com sua língua hábil. O encaixe das pernas, a pressão e fricção dava um ritmo ao ato. Não era só cavalgar em alguém era seguir juntas a mesma direção dada pelo desejo.
Não havia razão para lembrar o passado, não havia mais motivos para chorar... A Louca estava livre, liberta de qualquer inibição ou preconceito. Estava tomada por um desejo de se permitir e se permitir mais quando entrou no banho acompanhada por Pérola para um terceiro momento rico em descobertas... O sabonete liquido, o perfume de um Spiritual Guide e longos beijos embaixo da água quente...
Pérola sussurra em seu ouvido uma fantasia ainda não realizada... A Louca sorri, fica de costas e se inclina para receber beijos que desciam da sua nuca, passava pela sua região torácica e encontrava sua pelve. As mãos macias daquele outra mulher segura firme sua nádega e a Louca conheceu uma nova versão para o famoso beijo grego algo que foi sedutoramente denominada “Pérola Negra”... Ela aproveitou...
De volta a si, após relembrar o que acabará de fazer, ligou como já era seu costume a TV e novamente viu que estava passando o programa do pastor que atendia os fieis e pessoas desesperada na madrugada. A voz daquele homem autoritário lhe trouxe outra lembrança, mas não valia à pena considerar tais. Foi ao banheiro deixou a banheira encher, na cozinha pegou uma taça de Cabernet e ouviu “Quem pratica sexo homossexual vai para o inferno”, ela sorriu, acendeu um L.A. e disse “Estou condenada.” Off na TV, Play no som e caminhou rindo em direção ao banho.
Tudo que ele queria naquela noite do dia dos namorados era namorar. Ele queria olhar o guarda-roupa e escolher a peça mais bonita para o encontro da noite, colocar seu perfume importado parcelado em 8x sem juros e namorar. Tudo que ele queria naquela noite do dia dos namorados era namorar...
Ele acordou cedo e saiu tarde com a enorme bolsa da academia, seu jeans rasgado na perna, all star e óculos escuros. Seu telefone tocou a manhã toda era aquele amigo louco querendo saber do outro, do outro amigo louco dele... Encontrou sua vizinha, dormiu no ônibus, chegou ao trabalho e trabalhou...
Almoçou um biscoito e ansioso olhou o telefone, uma mensagem, a Vivo lhe deu 20 reais em bônus para falar no dia dos namorados e como eles adivinharam que tudo que ele queria naquela noite do dia dos namorados era namorar... Encontrar a sua pessoa e desfrutar com ela das coisas mais loucas e tão somente namorar...
Ele seguiu em direção academia, mas vez sauna... Uma esfoliação leve, dormir e acordou no vapor. Uma ducha fria, sabonete de pitanga, outra roupa, perfume e correr para encontrar aquele alguém para namorar, afinal tudo que ele queria naquela noite do dia dos namorados era namorar...
Foi ao shopping, fez pegação, pegou o telefone e nenhuma mensagem... Encontrou amigos e se sentou diante da Baía... Seus amigos conversavam e se entendia era dia dos namorados e todos queriam namorar eles também... Seu telefone não tocou, seu encontro não iria acontecer e só o que ele queria naquele dia dos namorados era namorar...
Sua bolsa no chão, uma lata de coca-cola e ele se envolveu em seus braços respirando fundo para não chorar... Seus amigos se entendiam em um canto, ele contemplava a Baía e as pessoas namorando ao redor... Um olhar encontra o seu era um cara estranho meio deficiente, mas alguém já o tinha para namorar naquele dia também.
Olhou o relógio faltavam cinco minutos para zero hora ele se levantou, despediu dos amigos, deu o ultimo gole na lata de coca-cola e segui para seu ponto... Tudo que ele queria naquele dia dos namorados era namorar, mas quando ele olhou novamente o relógio que marcava 0h05 percebeu o dia dos namorados acabou... Era melhor não querer mais nada.
São 03h04 da madrugada, na TV vejo a reprise de um episódio da 1ª temporada de Queer as Folk. Por alguns minutos, após assistir uma cena ardente, fecho os olhos e fantasio sua presença...
A porta do meu quarto é aberta devagar e você entra. O perfume do seu desodorante muda a atmosfera daquela que seria uma típica noite solitária. Eu visto apenas um pequeno short cinza e uma camiseta velha e permaneço deitado na cama.
Olhando-me fixamente como um animal em seu cio você se deita sobre mim e me beija intensamente. Não há nenhuma palavra... Sua mão dentro do meu short excita o meu sexo. Estou pronto sussurro em seu ouvido.
Mais uma vez me deparo com sua masculinidade latente sobre mim... A cama rangendo emitindo pedidos que eu não conseguia pronunciar “Entra em mim”, “Penetra em mim”... Sou preenchido pelo seu corpo e não tenho mais brechas para me silenciar posso gemer, gritar.
Estamos juntos... Eu, você e o nosso amor... Você diz que sentiu saudades repara em meu cabelo novo, repara meu corpo e fala de amor. Somos tomados por uma experiência extracorpórea, voamos juntos por cima das casas unidos pelo prazer de termos um ao outro.
De volta à cama, em uma posição que ficamos face a face nos beijamos calorosamente... Tenho-te dentro de mim. Ouço alguém, um barulho e me assusto seus braços me envolvem de modo a me deixar mais calmo... Mais um longo beijo.
Novamente um barulho e desta vez é o som alto de uma música... Abro os olhos contemplo o teto do meu quarto... O barulho era Queer as Folk que terminou na TV e tudo o que passou era eu fantasiando um reencontro com você.
Em uma tarde dessas eu o conheci. Ele tinha cumprimentado a minha avó e veio em direção ao fundo da casa onde eu estava. Ele estava suado era um dos empreiteiros da obra em frente a nossa casa e havia pedido auxilio a minha avó para guardar sua comida e tomar um banho após o trabalho.
Sua presença todos os dias ali já me era costumeira, sempre o cumprimentava com um seco bom dia e voltava com minhas atividades. Para mim ele era só um peão de obra, nunca me passou disso, sem atrativos ou uma beleza latente... Um cara trabalhador e comum que está por aí no dia a dia.
No entanto, em uma tarde ele entrou correndo pelo quintal, não se sentia bem. Minha avó idosa não podia ajudá-lo quando intercedi. Devido a um pico de pressão ele começou a sufocar quando desmaiou e caiu em meus braços. Tirei-lhe a camisa, vovó ligou o ventilador e lhe demos o remédio.
Após descansar um pouco na minha cama ele foi tomar um banho
para ir embora seria impossível voltar ao trabalho. De toalhas, assim que saiu do banheiro me chamou no quarto e segurou minha mão. Nunca tinha reparado aquele rosto, aqueles olhos e cabelos negros, nunca tinha observado aquela figura cotidiana. Ele era lindo.
Hora das explicações, ele nos disse que tinha um problema no coração e dependia do remédio que se esqueceu de tomar. Agradeceu-nos por toda ajuda, deu um abraço em minha avó e o acompanhei até o portão. Nosso olhares estavam diferentes era um constrangimento comum a alguém que se interessa pelo outro, desconforto e desejo.
Ele me falou que sua parte na obra estava quase concluída e em poucos dias iria partir, mas queria me encontrar em qualquer lugar, qualquer hora dessas. Falou que já estava algum tempo reparando em mim. Falou que eu era lindo, encantador e apaixonante quando me deu seu número de telefone.
Confesso tive medo de ligar já tinha passado uma semana e a lembrança daquele homem, sua voz, seu corpo, seus cabelos martelavam diante de mim. Ele queria morar mais próximo pelo que soube da minha avó até alugaria um apartamento em São Gonçalo. Disse para ela que gostou muito de mim que eu tinha um bom coração.
Voltando do trabalho, alguns dias depois, meu telefone tocou era a inconfundível voz daquele que olhei com tanta curiosidade e admiração. Queria me ver, conversar um pouco... Um convite para um encontro, fomos ao shopping e lá ouvi a palavra que meu coração imaginava e sonhava ouvir... Ouvi o som do amor.
Em seu novo apartamento conversamos mais. Ele me falou dos exames médicos, que estava bem e que poderíamos viver juntos se eu quisesse. Foi tão simples... Como um sonho. Sentou-se ao meu lado, senti seu perfume de homem, me envolveu em um abraço para o nosso primeiro beijo... Respirei fundo... Acordei.
Hoje conheci o Ricardo. Ele é um cara muito bonito que encontrei na balada, sabe, eu estava muito distraída procurando alguém para pegar quando do nada o vi. Alto, olhos verdes, cabelos dourados e com uma condição legal.
De algum modo meu coração sabia que ele seria meu. A música, as pessoas distraídas, os vários drinks que ele tomava nos aproximava mais e mais.
Cheguei perto, ele não me viu, pude sentir seu perfume amadeirado em meio ao cheiro dos cigarros e da bebida. Que homem lindo ninguém o notara somente eu.
O primeiro toque foi quando ele tirou da jaqueta uns comprimidos. O beijo foi depois que ele terminou de ingerir todos eles com vodka.
Mas, Diário, o auge do nosso encontro foi quando ele caiu aos meus pés tendo uma overdose. Senti o seu corpo no meu, o envolvi em meus braços e aí... Eu fui a mulher mais feliz da balada.
Quando ergueu a cabeça, após contemplar em silêncio os pés daquele que lhe dizia, ele percebeu não importava mais.
Já não havia o querer de correr para aqueles braços... Não havia o querer.
Seu coração sentia uma leve e continua dor, misto de magoas e desilusões... Ele saiu... O tempo passou...
Perdeu-se a vontade de continuar com aquele enredo foi aí que a Whitney Houston se calou... Não era mais necessário o I have nothing, nem Run for you, tampouco o I will always love you. Era o fim daquele I belive you and me.
No entanto, a brisa do mar daquela madrugada, o cheiro de um cigarro de maconha e as diversas pessoas em suas diversidades sexuais se amando ali o fizeram contemplar seu antigo pesar.
Sua amiga já havia lhe dito o quanto ele precisava chorar, sofrer, lamenta aquela perda, mas... Impossível, chorar não conseguia... Nunca conseguiu.
Ele lembrava e relembrava. Ansiava por um toque qualquer, semelhante, simples... Um toque humano. Sentou-se diante do reino de Yemanjá, seu all star verde afundou na areia, fechou os olhos e dormiu.
Alguém tocou em seu ombro, seu amigo regressava de um momento de intimidade dizendo “Cara, é hora de voltar para casa.” Ele ergue a cabeça contemplou em silêncio aquele local e percebeu era apenas o primeiro daqueles dias de carnaval.